Israelenses abriram fogo contra manifestantes.






Pelo menos 14 manifestantes sírios e palestinos morreram e mais de 200 ficaram feridos neste domingo (5) após serem atingidos por disparos de soldados israelenses na fronteira entre Síria e Israel, disse a TV estatal síria.

Segundo informações da TV síria, tropas israelenses abriram fogo contra manifestantes que tentavam atravessar a cerca de proteção que demarca a fronteira entre os dois países nas Colinas de Golã, ocupadas por Israel em 1967.

De acordo com a agência de notícias estatal síria, Sana, soldados israelenses avisaram, em árabe, que “qualquer um que tentar atravessar a fronteira será [seria] morto”.  Os soldados utilizaram gás lacrimogêneo e posicionaram franco-atiradores próximos ao alambrado para impedir os manifestantes de se aproximarem dos territórios ocupados. A imprensa síria também afirma que os israelenses atiraram contra ambulâncias e equipes de bombeiros que tentavam prestar socorro às vítimas.

 O domingo marcou o 44º aniversário da Guerra dos Seis Dias e Israel está em estado de alerta para evitar a repetição dos protestos pró-palestina de maio, quando milhares de palestinos protestaram nas fronteiras de Israel com a Síria e com o Líbano. No “naqba” (“dia da tragédia”, como os árabes chamam o aniversário da fundação de Israel), 13 pessoas morreram em confrontos com o Exército israelense.

Manifestantes fincam bandeira palestina em território israelense

Um correspondente da agência de notícias Reuters no local viu pelo menos 10 manifestantes sendo levados em macas pela multidão, mas não avistou sinais de buracos na principal barreira da fronteira.

Entretanto, há informações de que os manifestantes conseguiram cortar o arame farpado que Israel colocou na aérea entre a cerca, que fica dentro do território ocupado por Israel, e a fronteira Síria, delimitada por marcos de pedra da ONU. Eles fincaram uma bandeira palestina na barreira no planalto rochoso, que Israel capturou junto com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza no conflito de 1967.

Horas antes do surto de violência, o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu disse que ele tinha ordenado às forças de Israel que agissem com moderação, mas também com determinação, para impedir qualquer violação das fronteiras.Não vamos permitir que isso aconteça.



Não houve relatos de incidentes ao longo da fronteira libanesa. Na Cisjordânia ocupada, cerca de 100 manifestantes palestinos se dirigiram até um posto de controle militar israelense, onde os soldados dispararam gás lacrimogêneo e o grupo se dispersou.

Autoridades israelenses disseram que o presidente sírio Bashar al Assad deu um sinal verde para os protestos em Golã, a fim de desviar a atenção internacional da repressão às revoltas populares contra o regime.

Os protestos de manifestantes desarmados na fronteira aumentaram as preocupações de Israel de que os palestinos, inspirados pelas revoltas populares no mundo árabe, venham a adotar uma tática calculada para atrair uma resposta violenta e aumentar a simpatia mundial pela causa.


EUA vetarão pedido de reconhecimento de Estado palestino na ONU.
Depois de se reunir em Washington com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, o principal negociador palestino, Saeb Erekat, anunciou nesta quinta-feira que o governo americano decidiu vetar qualquer pedido que o presidente Mahmoud Abbas faça à ONU pelo reconhecimento do Estado palestino.

Erekat e outro representante de Abbas, Nabil Abu Rudeina, foram a Washington para tentar convencer o governo americano a não utilizar seu direito ao veto no Conselho de Segurança da ONU contra o pedido - que deverá ser feito pela Autoridade Palestina em setembro.

Não ficou claro se os palestinos continuarão com seus planos apesar da ameaça de veto americana.

De acordo com Abbas, o fracasso do processo de paz torna o pedido de reconhecimento de um Estado a única alternativa palestina.

No entanto, o presidente palestino reiterou que estaria disposto a retomar as negociações de paz se Israel concordasse com a posição do presidente americano, Barack Obama. Ele defende que a base para a solução do conflito deve ser o respeito às fronteiras anteriores à guerra de 1967.

No conflito, conhecido como Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental - territórios reivindicados pelos palestinos para neles fundar seu Estado.

Outra condição de Abbas para retomar as negociações é o congelamento da construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Em sua ultima visita a Washington, o primeiro ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeitou ambas as condições.

Netanyahu declarou que o plano com base nas fronteiras de 1967 é "indefensável" e rejeitou o plano do presidente Obama para a retomada do processo de paz.

O premiê israelense também afirmou que Jerusalém é a "capital indivisível de Israel".

Divergências

De acordo com a imprensa israelense e palestina, existem divergências dentro da liderança palestina sobre o plano de pedir o reconhecimento da ONU.

O primeiro-ministro palestino, Salam Fayad, é contra a iniciativa porque acha que os palestinos não terão ganhos concretos, uma vez que continuará a ocupação israelense.

De acordo com o jornal Haaretz, o embaixador palestino na ONU, Nasser El Kidwa, também se opõe à iniciativa.

El Kidwa é parente do líder palestino falecido Yasser Arafat, e é considerado um dos candidatos possíveis à Presidência palestina nas próximas eleições.

Já Abbas e Nabil Shaat, um dos lideres mais importantes do Fatah, defendem a posição de que os palestinos sairão fortalecidos se receberem o reconhecimento da ONU e poderão, então, negociar com Israel tendo uma posição diplomática mais sólida.

O grupo dos Países Não Alinhados - com 120 nações principalmente de África, Ásia e Europa Oriental - anunciou que apoiará a iniciativa palestina na ONU.

Em dezembro de 2010, o governo brasileiro anunciou seu reconhecimento do Estado Palestino com base nas fronteiras anteriores à guerra de 1967. O anúncio, feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos dias de sua gestão, recebeu apoio de quase todos os países da América Latina.

De acordo com cálculos de analistas locais, mais de 140 países já declararam que apoiarão o reconhecimento do Estado Palestino, e já está garantida uma vasta maioria em favor da iniciativa entre os 192 Estados-membros da ONU.

Nessas circunstâncias, um Estado palestino certamente receberia o reconhecimento da Assembleia Geral da ONU. No entanto, para se transformar em um Estado reconhecido pela organização, a proposta teria que obter a recomendação do Conselho de Segurança, que seria vetada pelos Estados Unidos.

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