Um apaixonado poeta

Um apaixonado poeta. Um perspicaz dramaturgo. Um exímio espadachim. Um bravo soldado. Um grande filósofo. Um profundo estudioso da Física, Matemática e Astronomia. Gênio nas artes e nas ciências, Cyrano Savinien Herculés du Bergerac, ou apenas Cyrano de Bergerac, possui qualidades incomuns, porém, a feiúra as encobre, como uma somba sinistra. O nariz avantajado é o motivo de sua frustração. Na França do século XVII, sofre por amar intensamente sua prima, Roxane, jovem, bela, emotiva.
Cyrano de Bergerac, sentindo-se ofendido por um ator medícore, que galanteara Roxane, impede-o de representar sob o pretexto de que era medíocre, e é desafiado a um duelo por um nobre. Enquanto castiga o nobre com a espada, compõe uma balada, ferindo-o no último verso. Após, recebe uma mensagem de Roxanne, que queria encontrá-lo. Supondo que a prima fosse declarar-se enamorada, enche-se de ânimo e, imbatível, ajuda o amigo Ragueneau, poeta, dramaturgo e pasteleiro, que seria morto naquela noite, vencendo nada menos que cem homens, matando cerca de oito.
Durante o encontro com Roxane, na pastelaria de Ragueneau, recebe um notícia entristecedora. Sua prima amava o jovem cadete do regimento do Capitão Carbon de Castel-Jaloux, Barão Bernard Christian du Neuvillete. Como Cyrano era veterano no regimento, Roxane pede-lhe que proteja Christian. Desolado, aceita. Estava certo que o nariz longo jamais permitiria que tivesse o amor de Roxanne.
Cyrano é ofendido por um jovem cadete e o desafia a um duelo. Mas descobre a tempo que é Christian e, para estranhamento dos companheiros, não o fere; antes, o protege. O jovem desculpa-se quando descobre que Cyrano é primo de Roxane e confessa amá-la, mas era ignorante de espírito, não conseguia expressar-se poeticamente. Os dois tornam-se amigos e confidentes, e Cyrano decide ajudá-lo, escrevendo cartas e poemas a Roxane, que apaixona-se cada vez mais, encantada com as belíssimas palavras que.
Uma das cenas mais tocantes é quando Christian, sob a sacada de Roxane, diz palavras que são sopradas por Cyrano, a poucos metros de distância. Como Christian não conseguia ouvir direito, o próprio Cyrano derrama-se em palavras de amor, confessando o que julgava ser inconfessável. Mas Roxane achava que era Christian e, encantada, o recebe em seu quarto. Cyrano vai embora, arrasado.
Cyrano ainda ajuda Christian e Roxane a casarem-se às escondidas, mas Christian é enviado a uma batalha para morrer, pois um dos mandatários do país intencionava casar-se com Roxane. 
Cyrano vai com Christian, para protegê-lo, escrevendo uma carta por dia a Roxane, em nome de Christian. Chora, manchando uma das cartas com a lágrima do sofrimento pelo desamor. Christian descobre que Cyrano amava Roxane e o estimula a declarar-se a ela, para que pudesse escolher entre os dois e é ferido de morte. Mas Cyrano não se declara a Roxane, respeitando o amor que sentia por Christian, ainda que ela amasse a alma de Cyrano, nas cartas que julgava ser de Christian.
Roxane guarda luto permanente por Christian e refugia-se num convento. Depois de catorze anos de visitas diárias a Roxane, ele chega ferido. Nunca rendera-se a bajulações, sempre fora crítico. Uma das críticas publicadas, rendeu-lhe um atentado vingativo. Ferido, quase morto, foi visitar seu amor e levar as notícias de fora, como de costume.
Inesperadamente, pediu a Roxane para ler a última carta de Christian, que ela carregava consigo, num escapulário. Ele, fraco, debilitado, inicou a leitura e, traindo-se, deixou à mostra o mesmo timbre de voz da sacada, a mesma emoção, o mesmo amor. Roxane, às lágrimas, teve certeza de que ele era o autor da carta, aquele que a embevecera sob a sacada. Disse amá-lo, sempre o amara, a alma das cartas era sua. Mas Cyrano, àquela altura caído, ainda conseguiu dizer-lhe que era tarde. E morreu.

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